quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

'Alice No País das Maravilhas": o filme mais esperado do ano está a chegar

Há rainhas loucas, chapeleiros envenenados, portões mágicos, chávenas de chá, e até lagartas que fumam. ‘Alice no País das Maravilhas’, de Tim Burton, estreia já a 4 de Março.

‘Alice no País das Maravilhas' é daqueles livros que toda a gente acha que leu e poucos de facto leram. Já para não falar na ainda mais fantástica ‘sequela', ‘Alice no Outro Lado do Espelho', onde acontece isso mesmo: Alice atravessa o espelho e vê-se num mundo onde tudo está subitamente ao contrário.

Isto para dizer que convém ter lido os dois antes de se atirar àquele que é talvez o filme mais esperado de 2010. Claro que não é imprescindível: todos os universos de Tim Burton valem por si. Mas pelo menos, já sabe ao que vai...

Esta ‘Alice' não é uma adaptação dos livros, mas mais uma continuação. Alice já cresceu, não se lembra de nada, e regressa ao país das maravilhas para encontrar tudo num caos: a rainha vermelha tomou o mundo de assalto, e Alice vai ter de salvá-lo.

Percebe-se o fascínio de Burton por Carrol: o mestre do ‘nonsense' inglês virava o mundo de pernas para o ar para ‘desabituar' os nossos olhos da forma como vemos habitualmente e nos fazer pensar não apenas sobre aquilo que vemos mas sobre a forma como o vemos. ‘Alice' não é um mundo onde nada faz sentido: é um mundo onde todos os sentido se põem em causa, onde há espaço para todos os nossos medos, dúvidas e irrealidades que fazem parte daquilo que somos. E Burton vai aproveitá-lo para explorar ao máximo esse país onde sonhos e realidade se confundem.


Dos coelhos às meninas

Lewis Carrol, de seu verdadeiro nome Charles Dodgson, era um professor universitário de matemática, pacato e gago, que tinha duas paixões na vida: a primeira era uma paixão por jogos, puzzles e dilemas. Aliás, conta-se a história da ocasião em que Carrol foi levado a conhecer a rainha Vitória. Entusiasmada com as histórias de Alice, Vitória pediu a Carrol que lhe mandasse todos os seus outros livros. Carrol obedeceu: dias depois, a rainha recebia um monte de... tratados de matemática!

A segunda paixão de Carrol era o hábito de fotografar meninas pequenas (segundo o próprio, não tinha nenhuma paciência para rapazes). Até que ponto era uma paixão inocente continua a discutir-se e há-de continuar, sendo que nem as meninas nem o próprio Dodgson cá estão para nos elucidar, mas tudo leva a crer que se resumisse a uma vitoriana obsessão pela inocência, tão arredada das nossas preocupações actuais...

A Alice verdadeira era um dos seus ‘modelos', que Carrol levou para passear de barco numa tarde de verão. Para a entreter começou a contar-lhe as aventuras de uma menina chamada Alice, como ela. Alice, com 10 anos, gostou tanto da história que lhe pediu que a escrevesse, e assim nasceu ‘Alice no País das Maravilhas'.

Como se pode ver ainda hoje pelas fotos que sobreviveram, a Alice verdadeira era muito diferente do modelo de Alice loura que sempre foi a voga desde que assim foi desenhada, com ondas de cabelo louro, pelo primeiro ilustrador, sir John Tenniel, em 1865. Segundo a lenda, Carrol terá enviado ao ilustrador a fotografia de outra criança... Fosse pelo que fosse, a Alice verdadeira permaneceu pequenina, morena e feia, ao contrário de todas as Alices louras que desde então povoaram o mundo.


Enfim, mas se estiver a pensar levar as crianças, pense duas vezes: nos Estados Unidos o filme foi considerado PG (Parental Guidance) em vez de para todos, por duas razões: porque havia fantasia violenta e porque... há uma lagarta que fuma. Francamente, Carrol devia ter pensado nisso.
Há quem diga que o seu próximo projecto de Burton é o recontar da história da Bela Adormecida, desta vez do ponto de vista da bruxa. Por enquanto, não passa de um rumor, e Maléfica não prestou declarações...


Quem é quem:
- Mia Wasikowska - Uma quase desconhecida actriz australiana de 20 anos, nem queria acreditar quando foi escolhida para representar Alice. Burton afirmou que a escolheu pela sua ‘seriedade e compostura vitorianas'.
- Johnny Depp - O actor-fetiche de Tim Burton, especialista em personagens estranhas, está de volta como o Chapeleiro Louco, alegadamente louco devido ao envenenamento por mercúrio, com que os chapeleiros do sec. XIX trabalhavam.
- Helena Bohnam Carter - Como a Rainha Vermelha, a irmã mais velha da Rainha Vermelha, quase tão louca como o Chapeleiro mas sem o mercúrio.
- Anne Hathaway - A Rainha Branca, tão excêntrica e dramática como a irmã mais velha, mas cheia de medo de ir mais longe do que o lado luminoso da vida. Anne descreveu-a como uma "punk-rock e pacifista vegan.

1 comentário: