terça-feira, 28 de abril de 2009

740 Park Avenue

Uma ilustração do edifício Art Dêco que ocupa o número 740 da Park Avenue. Nele viveram e vivem pessoas que fazem parte da história.
















É a morada mais exclusiva do mundo. Aqui viveram Jackie Kennedy e John Rockefeller Jr, Robert Redford, por outro lado, nunca conseguiu lá comprar casa. Três chic.

Discrição e classe sempre foram as regras da casa. Nenhum segredo saiu para fora daquele portão de bronze, pelo menos, até hoje.

A paixão de Peggy Bancroft pela índia fez com que, um dia, a polícia lhe batesse à porta. A senhora da alta sociedade nova-iorquina, próxima dos vanderbilt e conhecida dos Rockefeller, exagerou. Convenhamos que colocar um elefante (verdadeiro!) no elevador do prédio para animar uma festa no 15º andar não é comum. Como não é difícil imaginar; houve estragos no elevador e os vizinhos chamaram a policia. Mas quem está a contar com a presença de convidados tão ilustres como a princesa da Noruega, tem que preparar algo de muito especial.
O número 740 da Park Avenue, em Nova Iorque, foi desde sempre morada de pessoas com influência, dinheiro e prestígio, cuja vida se desenrola numa órbita diferente da dos comuns mortais. São seres privilegiados, que flutuam sobre tudo, só se apercebendo do peso da vida quando se deparam com um elefante no elevador.
Foi no fim dos anos 20 que o construtor James T. Lee, um magnata do mundo imobiliário nova-iorquino, idealizou para esta morada o mais soberbo bloco de apartamentos que o mundo jamais vira, criando, assim um lugar onde a história e as histórias se foram acumulando. A enorme vantagem que este local teve logo desde o início foi o facto de oferecer cem por cento de discrição. Nunca nenhum segredo saiu para fora daquele portão de bronze, pelo menos, até hoje.
Quando o escritor norte-americano Michael Gross publicou o livro 740 Park, que relata histórias que mudaram o mundo e pormenores picantes que tiveram lugar nesta famosa morada, a sociedade de Nova Iorque aplaudiu. Só os moradores do número 740 Park Avenue ficaram perturbados, fazendo o que sempre foram peritos em fazer: manter o silêncio. O ano de 1929 não foi marcado apenas pela inauguração do lendário edifício. Foi também o ano em que nasceu a neta de James T. Lee. Chamava-se Jacqueline Bouvier e seria, mais tarde, a primeira-dama norte-americana ao casar com John F. Kennedy. Janet, a filha de Lee, viveu com o marido, John Bouvier, e a pequena Jackie num ultra luxuoso apartamento no 5º e 6º andares do edifício. Na altura, a alta sociedade nova-iorquina ainda não via com bons olhos o facto de se viver em torres de apartamentos. Para atrair os mais cépticos (receosos de serem considerados vulgares), Lee prometia luxo e muito espaço. As divisões dos apartamentos eram tão espaçosas que Jackie jogava ténis com as amigas dentro de casa.
No inicio, a morada precisou de um nome sonante que desse ao número 740 da Park Avenue a nobreza que se pretendia. Lee encontrou-o: John D. Rockefeller Jr, o homem que elevou o edifício ao mais alto nível da estratosfera social. O magnata ocupou o apartamento dos 14º e 15º andares. Devido à obra do Rockefeller Center, também em Nova Iorque, tinha descoberto a paixão pela arquitectura pelo que resolveu fazer algumas “pequenas” alterações ao edifício que, no final, se traduziu numa total remodelação da casa. Em vez de escadas, quis um elevador privado. Várias paredes e chaminés foram demolidas. Um Rockefeller move montanhas, por isso nada disto foi um problema.
Como, desde o início, os apartamentos do número 740 da park Avenue sempre custaram exorbitâncias, só ali podiam viver as mais importantes famílias, as que tinham feito as suas fortunas nos negócios do petróleo, na banca ou na indústria automóvel. Ou, então, aqueles que, por herança familiar, tinham em sua posse a Bíblia sobre a qual George Washington fez o seu juramento da tomada de posse ou mesmo aqueles cujos antepassados assinaram a Declaração da Independência dos Estados Unidos. Tais inquilinos tinham amigos importantes.
O presidente Herbert Hoover era uma visita regular, tal como um jovem promissor chamado Thomas J. Watson que, na altura, costumava falar da sua pequena firma, de nome IBM, que ele tinha esperança que um dia se viesse a tornar um sucesso. Agora que, graças a Rockefeller, o edifício tinha fama e sucesso, era preciso dar-lhe glamour. Thelma Chrysler Foy, filha do pioneiro da indústria automóvel Walter Chrysler, foi a solução quando se mudou para um dos apartamentos do prédio e deu largas aos seus caprichos. Nada a satisfazia, nenhum luxo a contentava e ninguém era digno dela. Considerada a mulher mais bem vestida da América, passava a maior parte do tempo em ateliers de moda e tratava o próprio Rockefeller como se ele fosse um mero ajudante de alfaiate.
Estes comportamentos excessivos não incomodavam os moradores. Tudo era permitido desde que fosse feito com elegância e classe. Mas, pelo contrário, qualquer atitude vulgar era extremamente mal vista. É por esse motivo que, ainda hoje, é raro ver estrelas de cinema, por mais famosas que sejam, a transpor a porta de entrada. Doris Vidor foi, nos anos cinquenta, a primeira mulher do mundo do espectáculo a pisar o chão sagrado do edifício. A filha de Harry M. Warner, um dos Warner Brothers, era casada com o produtos Charles Vidor. Mais tarde, outras presenças foram admitidas, como a do guionista William Goldman e Robert Redford.
Redford, visita frequente do edifício, não teve porém qualquer oportunidade de aceitação como morador. Pedidos de grandes estrelas de cinema, entre as quais Barbra Streisand, foram sistematicamente rejeitados. Os condóminos preferiam morar paredes meias com figuras como Saul Philip Steinberg, proeminente em Wall Street, Sphyros Niarchos ou Ronald Lauder, filho de Estée Lauder. O conselho de moradores que aceitava e rejeitava pedidos de compra chegou a requerer a presença do príncipe Nawal bin Abdal-Aziz bin Abd al-Rahman Al Saud em Nova Iorque, para confirmar se ele era digno da mais elegante morada do mundo. O príncipe convenceu o conselho mostrando a sua imaculada árvore genealógica e demonstrando que as suas maneiras estavam à altura. O número 740 orgulha-se da sua nobreza.

Thelma Chrysler Foy levou o chic parisiense para o bloco de apartamentos mais desejado de Nova Iorque.










Peggy Bancroft dava festas inesquecíveis em casa.











Jacqueline Bouvier, mais tarde, Jackie Onassis, com os pais Janet Lee Bouvier e John Bouvier.










John D. Rockefeller Jr. com o pai, na 5ª Avenida.









Saul Philip Steinberg, figura de destaque da bolsa de Wall Street, também viveu no 740 Park Avenue.

2 comentários:

  1. Ai que sofrimento...
    A sério... gostava tanto de não ter regressado a Portugal...
    Ficar, pelo menos, 2 anos a morar em NY...

    Sniff... sniff...

    Bjinhos linda

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