segunda-feira, 15 de junho de 2009

Le bel oiseau

A graciosidade dos movimentos das bailarinas na célebre Valsa dos Cisnes (O Lago dos Cisnes), onde os braços assumem o esplendor das asas dos pássaros, cativa, desde sempre, a curiosidade do comum dos mortais. O sonho de ter a delicadeza e a elegância das prime ballerine, de vestir os mais graciosas vestidos, com tutus repletos de penas, de voar no palco de teatros como o Bolshoi, em Moscovo, ou de pertencer ao Royal Ballet.
Estes foram alguns dos sonhos realizados pela prima ballerina assoluta inglesa Margot Fonteyn. Considerada por muitos como a maior bailarina do seu tempo, tinha como únicos os seus movimentos de braços/asas imortalizados em bailados como O Lago dos Cisnes, de Pyotr Tchaikovsky, ou O Pássaro de Fogo, de Igor Stravinsky.
A imagem de fantasia das bailarinas foi sempre auxiliada pelos magníficos figurinos construídos sobre o corpo em tecidos nobres, como as sedas e as rendas ou os veludos, e com requintados bordados aplicados de forma a enaltecer os movimentos durante as apresentações. Acessórios como tiaras repletas de cristais ou bandoletes revestidas a penas tornam-se indispensáveis no adorno de cabelos irrepreensivelmente apanhados. Desde sempre, a feminilidade dos gestos das bailarinas seduziu designers, levando-os a desenhar figurinos para inúmeros espectáculos de bailado. Yves Saint Laurent desenhou, para a bailarina Zizi Jeanmaire, o guarda-roupa para Les Forains, assim como Gianni Versace para o ballet Josephslegende, de Richard Strauss, no Teatro Alla Scala, de Milão.
Embora as bailarinas de ballet clássico sejam as grandes influências dos designers, várias personalidades da dança, como Isadora Duncan, também tiveram papéis marcantes no imaginário dos criadores. A célebre bailarina norte-americana, considerada por muitos a mãe da dança moderna, influenciou a mestre madeleine Vionnet com a sua graça e principalmente com os seus figurinos inspirados na Antiguidade grega, dando assim origem ao corte em viés, utilizado até hoje por inúmeros designers.
Este Outono/Inverno, o esplendor do ballet e da dança é mais uma vez recuperado em pequenos detalhes que fazem renascer a leveza dos movimentos nas sedas fluidas, que ganham estrutura pela sobreposição de camadas de folhos. As penas são essenciais em todo o tipo de peças, com destaque para os vestidos e os casacos com desenhos por Christopher Bailey para a Burberry Prorsum, assim como os sapatos e as carteiras de Christian Louboutin. O tule e a renda são outros dos materiais característicos que acabam por surgir naturalmente nos vestidos com saias armadas que parecem tutus de Alexander McQueen.
O jogo de movimentos delicados e extremamente sensuais misturados com o requinte das formas ultra-femininas que se vive esta estação lembram a beleza das danças dos pássaros mais majestosos da Natureza.

Margot Fonteyn, em 1939.
Chapéu com pássaros artificiais, em 1939, fotografado por Toni Frissell.
Chapeú da Paulette, em 1949, fotografado por Arik Nepo.
Vestido em seda, Marchesa.
Corpete em renda, Chantelle.
Bandolete com cristais, Sónia Rykiel.
Sandálias em pele, Salvatore Ferragamo.
Casaco em lã, Chloé.
Vestido em seda, Camilla and Marc.
Travessa com penas, Bimba & Lola.
Colar em metal, Louis Vuitton.
Camisola revestida a penas, Antik Batik.
Máscara em renda, Valisére.
Candeeiro Plume, Hervé Matejewski.
Clutch em seda, Christian Louboutin.

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